sábado, 25 de outubro de 2025






Olho ao redor
As pessoas estão cabisbaixas
Em seus mundinhos
Universos artificiais em que vivem
Insisto em olhar pro céu 
Não me abato, não me rendo 
Reflexos de outros tempos
Que já passei por aqui
Na mudança das fases da lua
Na virada da maré 
Após um período de calmaria
Vou escapando a cada dia
Desviando das capturas
Do meu tempo, da minha atenção 
O que faço é gasto em imaginação
Então me atenho ao universo 
E outras dimensões 
Nas quais consigo acessar
Desde sempre
Não me pergunte como
Sempre experienciei assim
Simplesmente as coisas acontecem 
Concatenadas, sincronizadas
Mesmo quando fora da percepção
Minha explicação é o desenho na pele da onça 
É o vento e as folhas voando
Quando passo no caminho





sexta-feira, 10 de outubro de 2025

Vejo o universo inteiro em movimento 

E isso chega a ser uma coisa

quase imutável

sábado, 2 de agosto de 2025




lembro o que posso lembrar

o restante

é imaginar









a música caótica
aleatória
improvisada sem
pretensão
o canto coral
uníssono
com palavras em expansão
o barulho cíclico
às vésperas
da concatenação
lógica
onde mora a
compreensão








para além dos devaneios

ver o horizonte


imaginar tempos melhores

a viagem é grande


para além da matéria

não se prenda ao humano


entre tantas decisões

inúmeras possibilidades






sexta-feira, 10 de maio de 2024

*

qual o limite do prumo
numa paisagem movediça?
depois da chuva novos silêncios
entre as janelas perpendiculares
letras amontoadas


terça-feira, 23 de abril de 2024

faço um breve questionamento
sobre a real relevância
das ações criativas no atual contexto

o que depende da ação
e o que é fachada do multifacetado consumismo?

terá sentido tentar mostrar? 
    (ou que sejam garrafas jogadas ao mar)

as pessoas podem não estar
            momentaneamente vivas
em suas existências

quarta-feira, 28 de junho de 2023

na hora mais quente do dia
o leito do rio sombreado
ainda úmido, mas na areia fria
eu penso, eu lembro, esqueço
mais uma vez um local recorrente
me pergunto se um dia entenderei
porque ressurge, numa periodicidade incerta
sem dilemas, ou talvez algum registro do corpo
imaginar em que parte da memória está


quinta-feira, 24 de junho de 2021

ah, o deserto!
longe das pessoas
e de todas as interpretações
onde me isolei de toda vaidade
da autosupervalorização
das tentativas de orientar as pessoas
pelos conceitos alheios de caminhos exatos
apenas nunca fiz questão
de ir além do ser
de ter a aparência antes de simplesmente estar naquilo que é
no tempo que corre
o deserto não é vazio, é somente lugar da ausência
nele, eu tenho o suficiente
bem longe do excesso
daquilo que tenho encontrado na vida
não serei farol desavisado
melhor que me errem a ser seguido
em tudo a sutileza reina e se expande
e distancio-me do cada vez mais do mundo

quinta-feira, 27 de maio de 2021

a vida segue
escapa pelas bordas
com as cicatrizes
curadas
no tempo e pelo tempo

cada vez mais
cada vez menos

sábado, 17 de abril de 2021

aqui
neste aqui
lá de tempo lapso
rememorado
a sensação
mas não o significado

sábado, 6 de fevereiro de 2021

uma réstia de luz
dourando a tarde
amadurece rápido
e logo se decompõe

em torno disso
divago descompromissadamente

uma questão de tempo

sexta-feira, 27 de novembro de 2020

o tempo passa
através do foco

passarinhada 
em rotas de flores

olhei pro céu
o mais alto que pude

vindo de lá
aqui reflito